sexta-feira, 31 de maio de 2013



“Eu também estou numa competição interna para ser perfeito, portanto, dê o seu melhor, vai chegar a hora em que ficarei de saco cheio e vou simplesmente me descartar de você caso não seja bom o bastante.”
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Queimavam a última ponta.
O céu ganhava seus primeiros tons de azul.
O mar não tinha bordas, Victor acabara de dar a melhor gozada de sua vida.
Joana recuperava o fôlego, às vezes não sabia por que se esforçava tanto.
Quer dizer, no fim parecia ser ótimo. Ele estava bobo e ela estava bem.
Mas ainda estava frio e Joana retornou ao banco do carro, deixando a porta aberta.
- Vamos? Perguntou Victor andando macambúzio até o banco do motorista.
- Eu só tô com um pouco de frio.
Ele entrou no carro, deu uma afagada na coxa dela, por cima da calça jeans, e ligou o motor.
“É, foda-se”, pensou ela.
Viajaram em silêncio. As ruas estavam misticamente calmas.
Quando chegaram, Victor esqueceu qual era a casa e continuou andando pela rua. Joana disse que era ali e apontou uma casa qualquer, amarela. Victor parou. E retornou de ré. Até a casa dela, que era branca.
- Sequela.
Abraçaram-se.
Joana desceu do carro querendo ter conversado mais.
Victor voltou para casa no piloto automático, fritando com as tonalidades das ruas ao clarear do dia. Havia uma umidade gostosa no ar.
Joana abriu o Facebook antes de deitar e viu uma mensagem do Victor mandada à meia noite e meia, dizendo que estava partindo para encontrá-la. Respondeu com uma carinha feliz e desligou o computador. Na real, meia noite e meia ele estava indo pra casa do Joca. Daí demorou pra caramba e ele só foi chegar mesmo lá pra três horas da manhã. O Victor tava sequelando.

quarta-feira, 29 de maio de 2013



No entanto, esse princípio de co-engendramento não se resume à relação dialética na qual se encontram sujeito e objeto tal como concebido nos pressupostos epistemológicos da psicologia comunitária. Para os autores, os processos de subjetivação devem sobretudo levar em consideração um outro plano, no qual as formas que determinam sujeito e objeto ainda se encontram indefinidas. Assim, Deleuze e Guattari (1995) falam da existência de duas dimensões que a produção de subjetividade comporta e que concorrem igualmente para a criação da realidade: o plano das forças ou dos afetos e o plano das formas constituídas.
O plano das formas remete a um modo de apreensão do mundo que diz respeito às formais atuais dos fenômenos, em outras palavras, as formas provisórias através das quais a subjetividade se reconhece. Partindo de uma ontologia do devir, que se traduz na afirmação de Tarde de que “existir é diferir-se” (TARDE, 2007), as formas assumidas pelos corpos são desenhos sempre provisórios. Neste sentido, corpos se referem tanto a indivíduos quanto a processos grupais ou coletivos sociais. Uma instituição pode ser descrita pelo seu organograma e pelos seus objetivos formais; no entanto, a descrição de suas formas atualizadas não esgota os processos micropolíticos que uma instituição atravessa no seu dia a dia, e que aos poucos tornam obsoletas as velhas formas de organização do coletivo que ela encerra.
Se, como diz Rolnik, “conhecer o mundo como matéria-forma convoca a percepção, operada pelos órgãos de sentido, [...] conhecer o mundo como matéria-força convoca a sensação, engendrada no encontro entre o corpo e as forças do mundo que o afetam” (ROLNIK, 2003, p.1). No plano das forças de que falam Deleuze e Guattari, circulam vetores pré-individuais heterogêneos, sejam políticos, sociais, tecnológicos, econômicos ou artísticos, e que concorrem para a produção de subjetividade. Essas forças são linhas de virtualidade traçadas no agenciamento de intensidades, e que produzem determinadas figuras subjetivas, ora aproximando-se de modelos serializados, ora desenhando processos de singularização.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Num freezer sobre 6 rodas
Um picolé
Tentando comprar tempo
Uma sardinha
Num autorama de latas

terça-feira, 21 de maio de 2013


Um bombom confeitado,
E você fica do avesso,
Vem à boca uma etiqueta,
Que lh’aponta um endereço.
Mas que gosto é esse?
Que mascavo pesar.
Teria você um lastro,
Seria próprio de um lugar?
Ou é da bomba o pavio,
Atraente mapa do tesouro,
Esboço de um caminho
Pra deixar-me curioso?
O rastro do segredo
E o resto do sabor
Sorvo com desvelo
A procura do labor
Quem confeitou esse rastilho
De pólvora, abismo,
PANE, PANE
E o resto do sabor
E o resto do sabor
E o resto do sabor (...)
À procura do liame. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Um garoto foi.
(ele foi!)
E caiu.
(=T)
Mas Justo ali cresceu uma planta,
Com a qual ele ia brincar.
A planta virou árvore
deu frutos e sombra
Que o menino colhia
Em brincadeiras de imaginar:
Era então um amigo cabeludo,
Que sabia um pouco de tudo,
Mas preferia não comentar.
Ou uma passagem pra outro mundo,
Mas o escuro era fundo
Buraco demais pra arriscar.
E ele tinha medo!
Quando eram muitos dedos!
E uma bruxa em enlevo
Se punha asibilar
Longe dos ventos
Uivantes sussurros
Na cama da mãe
Ia se abrigar
Já logo viria e consigo traria
O afago da história de ninar.




segunda-feira, 13 de maio de 2013

Qual viagem começa
Por pé ante pé,
Por palavra a palavra
Essa aqui há de ser.
E da forma da letra
Eu vou te levar
À incrível floresta
Que por detrás há.
É floresta bem simples,
De árvores retas,
Castores sedosos
E lebres despertas.
Tem lago em forma de lua a minguar
E de vento em proa se pode passar.

De barco estamos,
É noite adentro,
O lago cruzamos,
De Deus, firmamento.
Na névoa algo brilha.
É poeira de prata
O casco levita
Na ilha arreata.

Você se pergunta ‘como’,
Eu digo que espelhos são portais.
Estamos em um castelo,
Num amplo quarto de vitrais.

Somos convidados do Touro,
Que acaba de Mitra degolar.
Brindemos aos tempos vindouros,
O homem é terra e a terra, seu lugar!

É hora do banquete.
E quando lhe ofertarem a coroa,
BERRE:
'Eu quero'
Você quer?
EU QUERO!
Você deve berrar.

Na arena da vida,
A sujeira sobe aos olhos.
A melhor dançarina 
Desconhece antolhos
O grande campeão
Baila indiferente aos fracos
À vitória da Adão
Jesus tem asco.

Você está absorto?
A água brota do manancial.
Deus está morto.
Mas tem sede o animal.