“Eu também estou numa competição interna para ser perfeito,
portanto, dê o seu melhor, vai chegar a hora em que ficarei de saco cheio e vou
simplesmente me descartar de você caso não seja bom o bastante.”
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Queimavam a última ponta.
O céu ganhava seus primeiros tons de azul.
O mar não tinha bordas, Victor acabara de dar a melhor
gozada de sua vida.
Joana recuperava o fôlego, às vezes não sabia por que se
esforçava tanto.
Quer dizer, no fim parecia ser ótimo. Ele estava bobo e ela
estava bem.
Mas ainda estava frio e Joana retornou ao banco do carro,
deixando a porta aberta.
- Vamos? Perguntou Victor andando macambúzio até o banco do
motorista.
- Eu só tô com um pouco de frio.
Ele entrou no carro, deu uma afagada na coxa dela, por cima
da calça jeans, e ligou o motor.
“É, foda-se”, pensou ela.
Viajaram em silêncio. As ruas estavam misticamente calmas.
Quando chegaram, Victor esqueceu qual era a casa e continuou
andando pela rua. Joana disse que era ali e apontou uma casa qualquer, amarela.
Victor parou. E retornou de ré. Até a casa dela, que era branca.
- Sequela.
Abraçaram-se.
Joana desceu do carro querendo ter conversado mais.
Victor voltou para casa no piloto automático, fritando com
as tonalidades das ruas ao clarear do dia. Havia uma umidade gostosa no ar.
Joana abriu o Facebook antes de deitar e viu uma mensagem do
Victor mandada à meia noite e meia, dizendo que estava partindo para
encontrá-la. Respondeu com uma carinha feliz e desligou o computador. Na real,
meia noite e meia ele estava indo pra casa do Joca. Daí demorou pra caramba e
ele só foi chegar mesmo lá pra três horas da manhã. O Victor tava sequelando.