domingo, 18 de setembro de 2016

Protágoras



Com efeito, esses, porque, por falta de educação, não são capazes de se entreterem, durante a bebida, nem com a sua própria voz nem com os seus próprios discursos, estabelecem um preço às tocadoras de flauta, pagam bem caro e é com essas vozes que se entretêm uns aos outros. Pelo contrário, em sítio onde, em conjunto, bebam homens que atingiram a perfeição e receberam educação, não verás nem tocadoras de flauta, nem bailarinas, nem tocadoras de harpa; antes, bastam-se a si próprios para se entreterem sem essas lérias ou criancices porque têm as suas vozes e falam e ouvem ordenadamente e à vez, mesmo que bebam vinho em abundância. Do mesmo modo, também essas reuniões, se são constituídas por homens como a maior parte de nós diz ser, não precisam nem de vozes alheias, nem de poetas, a quem não é possível perguntar acerca do que falam. As pessoas que os citam nos seus discursos dizem o que o poeta pensa e discutem sobre um assunto que lhes é impossível refutar. É preferível, antes, que se entretenham a si próprios, pelos seus próprios meios e se ponham à prova uns aos outros, ao tomar a palavra ou ao dar a réplica, com os seus discursos.