sábado, 26 de setembro de 2015



Malogrado - me escapa o cavalo, sem arreio, o arado no chão.
No vasto largo – cheiro o verde, escavo, provo a dúvida, durmo sobre as mãos.



domingo, 13 de setembro de 2015



Frêmito – indiscreto – segrega – perjúrios – insetos – roedores – infestos – – nas fretas dos meuss restos . Tecendo um caixão de teias palavras grudentas, em que planejam me sepultar
mas vou
de se jar de ser já.
E só nisso
feitiço
e avante



Um assomo de sombra
Aproxima-se um vulto encapuzado.

Guincha um balão furado
Milhares de papéis coloridos voam pelo ar
Desabrocha um homem de preto
Na cintura uma faixa vermelha
Cartola na mão, anda em círculos como se algo procurasse
Para, olha a frente como se tivesse encontrado
Faz uma reverência levando-se do alto ao chão
E vira uma cambalhota. Na cartola aparece um coelho!
O coelho salta da cartola e funga o chão animadamente
O homem o devolve a cartola fazendo farrinha entre suas orelhas

Entra em cena uma jovem olhando ao redor, trazendo nas mãos uma vistosa cenoura.
Ela se aproxima e dá a cenoura ao homem, que sem cerimônia dá-lhe uma mordida na ponta.  Ela ralha com ele, sem palavra dizer, apenas com olhares de censura. Mas quando se vira para indicar o coelho, já não tem mais coelho na cartola.

Em seu lugar há um buquê de flores. Ele se levanta e, fazendo uma mesura, oferece o mimo a ela. Ela ergue os ombros e dobra o rosto, ruborizando. Muito feliz, ela puxa o buquê a si, mas as flores murcham e pelo caule pendem desbotadas. Ela se aproxima dele e as flores ganham vida novamente. Ele levanta a mão ao ar com o indicador em riste, como se tivesse tido um brilho na mente.

Ele se afasta alguns metros e de cócoras, enfia a mão por dentro da blusa. Puxa e repuxa, até que dê lá tira algo que leva até ela de mãos fechadas. Ela observa com atenção o seu retorno e quando ele abre as mãos, ela se assusta. Há ali um coração vivo,pulsante.

Ela empurra as flores sobre ele e balança a cabeça para os lados, com uma expressão de profunda incompreensão. E sai de cena. Ele fica desengonçado, com coração e buquê equilibrados nas mãos. Com cuidado, ele agacha e ao tocar o buquê no chão, do embrulho, capota um coelho sem reação que fica parado. O homem leva a manga do casaco aos olhos.

Da cartola ele retira um recipiente transparente e de um bolso do casaco puxa uma garrafa de bebida cristalina. Toma um gole e derrama o resto na vasilha. Coloca lá seu coração relutante. 

Do álcool ele ergue seu coração e o assopra para que seque bem seco. Delicadamente o coloca na cartola e em seguida dali retira um avião de papel. Jogo o avião, que voa alguns metros e cai no chão. Ele pega suas coisas, segura o coelho apático no colo e alcança o avião. Faz ele voar. O coração seco voa alguns metros, ele até assopra pra ajudar, mas então cai no chão. Ele vai até o avião. E ambos saem de cena.