segunda-feira, 29 de julho de 2013



A sociedade capitalista transforma cada um num explorador em potencial de seu semelhante para dele obter um lucro de um sobre-trabalho não contabilizado – o que produz a dita “lei de Gérson”, querer obter vantagem em tudo.

Obter vantagem para quê? Para consumir mais, mais objetos produzidos pelo capitalismo científico-tecnológico. Nesse ciclo, o lugar da mais-valia coincide com o dos objetos de gozo – gozo prometido e não alcançável por estrutura. “A mais-valia”, diz Lacan, “é a causa de desejo da qual uma economia faz seu princípio”.

A ciência no discurso capitalista é a produtora dos objetos de consumo, que operam como causa de desejo. O saber científico nesse discurso é capitalizado para fabricar os objetos que possam representar os objetos pulsionais.

O Discurso do Capitalista fabrica um sujeito animado pelo desejo capitalista – desejo que o leva a produzir, ou seja, materializar o significante-mestre desse discurso: o dinheiro, que em seu caráter virtual se chama capital.

Esse sujeito como falta-a-ser é o sujeito como falta-a-ser-rico; a falta de gozo se inscreve como a falta-a-ter-dinheiro.

O Discurso do Capitalista difere do Discurso do Mestre/senhor que estabelece uma laço social entre aquele que manda e aquele que trabalha, como aparece em Hegel na constituição da consciência de si na dialética do senhor e do escravo. Neste há uma articulação entre o desejo de um com o desejo do outro, entre a vida e a morte, entre o trabalho e a casa, entre o objeto e o gozo. Nessa dialética, o saber transformador que é o trabalho está do lado escravo. No Discurso do Capitalista não há mais vínculo entre o senhor moderno, o capitalista, e o proletário. A figura do capitalista de hoje tende a desaparecer e no lugar dominante temos a figura impessoal do capital globalizado. O Senhor Absoluto moderno, que vem no lugar hegeliano da Morte, é o Capital em relação ao qual, vaticina Lacan, somos todos proletários.



Como afirma Jean Baudrillard em Sociedade de Consumo, vivemos hoje em uma espécie de evidência do consumo e da abundância, criada pela multiplicação de objetos, na qual os homens da opulência não se cercam mais de outros homens e sim de objetos (TVs, carros, computadores, celulares).

O discurso capitalista efetivamente não promove o laço social entre os seres humanos: ele propõe ao sujeito a relação com um gadget, um objeto de consumo curto e rápido.

Esse discurso promove um autismo induzido a partir de um empuxo-ao-onanismo (masturbação), estimulando a ilusão de completude não mais com a constituição de um par, e sim com um parceiro conectável e desconectável ao alcance da mão.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

É a partir da segunda guerra mundial que isto se generaliza na Europa Ocidental e interfere no modo de vida da classe operária. A burocratização das relações sociais já era uma realidade no início do século.
O estado, as empresas privadas e as instituições civis já manifestavam o predomínio das relações burocráticas e foi isto que proporcionou o “desencantamento do mundo” e a teoria da burocracia de Max Weber. A classe operária também passava a conviver cada vez mais com o burocratismo nas relações sociais. Tanto nas empresas quanto em suas próprias organizações se instauravam relações sociais burocráticas. Era absolutamente visível a burocratização de partidos e sindicatos. Robert Michels foi o primeiro grande critico da burocratização das organizações operárias e avançou ao afirmar que os partidos políticos são “criadores de novas camadas pequeno-burguesas”. A burocracia partidária e os representantes partidários no parlamento e no governo se autonomizam e desligam-se da classe operária, tanto do ponto de vista material quanto do teórico, formando as bases sociais do reformismo (com todas as suas  conseqüências: oportunismo, revisionismo de direita, eleitoralismo, etc.) dos partidos social-democratas, “socialistas” e “comunistas”.
A burocratização dos partidos políticos “ditos” operários é reforçada pela presença no seu interior da burocracia sindical. O marxismo, desde Engels, realizou uma critica radical aos sindicatos, mas alguns dos “auto-intitulados” marxistas não superaram certas ambigüidades. O processo de burocratização dos sindicatos também vem se reforçando cada vez mais com o desenvolvimento capitalista.
Entretanto, a burocratização de partidos e sindicatos não foram suficientes para impedir o desencadeamento da luta operária. A Revolução Russa, a Revolução Húngara, a Revolução Italiana, a Revolução Alemã, entre outras, demonstraram que a luta de classes no inicio do século estava se radicalizando. A democracia representativa já era uma forma de dominação burguesa, mas ainda não tinha a “eficácia política” que possui hoje.
A classe dominante, a partir de então, busca fazer da democracia burguesa o principal ponto de apoio para sua dominação. O sistema parlamentar e o sistema eleitoral são organizados de tal forma que, através da democracia burguesa, não só fique impossibilitado o surgimento de “brechas revolucionárias” como passa a ser uma fonte de corrupção dos movimentos políticos de esquerda.

Psicanálise, Capitalismo e Cotidiano.
Hora, celular, mensagem, biscoito, pinceis, tintas, limpeza, recarga, satisfação, pintura, pessoas, beck, conversa, pintura, muitas ondas, pessoas, conversa, simpatia, por do sol.

quarta-feira, 3 de julho de 2013




Tdam... Tdrum...
Finos dedos dedilhando os órgãos sexuais de um piano de madeira
Sobe e desce, sobe e desce
Acumula e pinga
Num lago de tons
De um metálico espelho. Suave
Que se desdobra colorindo
As margens de prazer
As tulipas silvestres
Um buque de luz
Vários. Todos
Os seres
Desabrochando
As crianças
As peles em pétalas
Os cachos em ouro
Sendo a própria natureza
Sorvendo a própria seiva
Bebendo mel
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Como os bosques bebem a chuva