domingo, 30 de dezembro de 2012

Ando tão a flor da pele
Que beijo de novela me faz verter
Lágrimas em tom de sépia
Que se misturam com a vontade do juizo final

Barcos sem remos
Cavalos parados
reunião sem direção
Todos perdidos
Num abismo funesto

Às vezes me preservo,
Noutras sou gatilho

Baaaibe
honey baby, 


Oh minha honey, baibe, honey baibe....

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


A superficialidade paira numa camada de sopor.
Carne e sangue nunca mais, nos fizeram de isopor.
Plástico e elástico pra aguentar com flexibilidade,
A liquidez desses tempos com porosa airosidade.

Tudo passa e trespassa nossa alma de mudança
Somos um milk-shake ralo, batidos sem sustança.
Permissivos construtos toscos, vassalos do devir.
Consoantes ecos roucos do embalo a embutir.
- Até que a consciência se esvaneça,
Sou
A busca de uma busca de propósito.
O sonho de poder sonhar.
Vapor a procura de depósito,
Em qualquer antagonismo a condensar.
Sou
O seio seco a anseio de leite
Para dar de beber a si no outro.
A frigidez do sexo sem deleite,
Que quer debalde ser zigoto
Sou
O homem vestido de carneiro
Buscando algum pastor ou cais,
Velejando no nevoeiro
De uma vida de verbos impessoais.

- Até que a consciência se esvaneça.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


Por sob o vapor de agrotóxicos, não ser um gordo tomate é por si só uma arte. Mas dar flores é mais do que desdobrar-se nas dores, sem paz, de ser o que se é - apesar do que se tem de ser. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Artista preguiçoso

Nessa alma manchada, escarro como faria à cruz,
És fraco e macilento, te falta intento e vaza pus.
Perde-se a todo momento pelas garrafas de rum
Esvazia o argumento rebento, mata a arte de jejum.

À tua alma perdida só mesmo a sagrada cruz (!?)

Escape a ferida fundida pelos cacos de luz
Proteja-se em panos e vigie a saída
Ouça de todos e seja boa via.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Vadia do Fliperama: “A vida é um jogo, por que o drama?”
Minutos e dias vão pelo ar, de nada ela precisa, “que é ‘precisar’?”
E podia estar na vitrine, de tão requintada nesse ácido suingue.
De tão debochada nesse abismo íngreme,
De fingir que sente em cores a dor que em preto a tinge.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A beleza,
às vezes,
está na leveza da mão.
Como na pincelada dada
ou na arte falada
da conversação.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Um 'azul bombom'.
É metálico, né? Azul bombom tem que ser metálico.
Um ‘ferro que mete’ tem que ser cilíndrico.
E a hidráulica tem muitos canos. E tubos.
É engraçado pensar na televisão como um tubo.
Mas nada me tira da cabeça o ‘ferro que mete’.
Teria que ser cilíndrico... E azul bombom.
Metendo ideias nas nossas cabeças
Através da televisão.


Belas as janelas
Desse Mundo Grávido.
De anjos tortos
Ou natimortos
De anelos ávidos
E remelas de canela.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012


EM SI MESMO
Ativo e passivo
Ação e reação
Sadismo e masoquismo
Voyeur e exibição
Sujeito e objeto
MASTURBAÇÂO!

terça-feira, 27 de novembro de 2012


A gota completa a gruta. E a gruta é lago se a gravidade estiver de lado.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Pradarias descampadas ao relento.
Sinto o vento volver, mas não há cata-vento.
Não há pás coloridas, nem sequer moinho.
Não há o que cate os ventos e lhes dê caminho.
Não há no ar folhas ou flores campestres.
Não há lugar, escolhas ou valores sedestres.

Sou torvelinho em mim mesmo.
O vazio é senda rodopiando a esmo

domingo, 25 de novembro de 2012



Outros tempos. Móveis de Jequitibá.  E o segredo do amor em cada "como preparar".
Outros alimentos. Um Antigo sofá. Espanador de pó e óleo de lustrar.
Outros unguentos. Tradição quiçá. Por sobre ele uma manta na qual o Sol vinha roçar.
Outros cumprimentos. Bolo de fubá. Olhava-se nos olhos ao se cumprimentar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Festa na Floresta

Pajé e seu amigo se elevaram entre a tribo.
Homem branco e seu cativo colocaram o pé no estribo.
Qual seria o desenlace? A tensão tava no ar.
Mas desfez-se o impasse, "fuma quem quiser fumar".

E ardeu a noite inteira, entre troncos e toras.
Com ou sem piteira, pra cada amante da fauna e flora.
Homem branco ficou na boa, negão também
Não traiu o trato com a patroa, mas todo mundo se deu bem!

E é isso que importa na festa da mata
Cada um traz suas crenças, não tem errata.
Apareceu até bacante carregando destilado.
E mais tarde um mercante, todo atabalhoado.

Betânia, Sorriso, Rosada e quem já passa,
Valeu o improviso, até a próxima fumaça.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Nosso Ninho.

Queria secar como folha e ser levado pelo vento,
Que estourassem como bolhas as agruras desse tempo.
E nas ondas da piscina, precipitasse a chuva,
Que lavaria a tua sina e teu solo para as uvas.

Queria estancar a ferida mesmo sendo pensamento,
Que houvesse uma saída para esse contratempo.
E na cobertura da floresta, permanecesse o ninho,
No qual também se fazem festas e se oferece vinho.

Mas é ‘também’ e não ‘somente’!
Ai dessa casa se ficar sem a gente.
Ai da semente se ficar sem ardor.

Não é de costas, mas de frente!
Que o pássaro vê e escapa à serpente,
Que a perfídia... É suplantada pelo amor. 
zipped

O veneno escorre em mim. Queima de tão ácido. Antes eu pudesse devolve-lo, em pérfidas palavras, as quais eu vociferaria como lanças letais. Mas não se faz arma, faz-se mortalha. E retumba entre minhas têmporas como o berro de uma Banshee, em ciranda histérica de palavras ecoando, que planejam dizer-me morto e lacrar-me, quando desfalecido cair. A sete palmos de terra hão de me ter sepultado, porque o desertor em mim atiça o irreverente neles. E o sonho tem que continuar.
Querem libar à decadência de minha decência... à vida eterna de minha morte. O meu sumiço, como se fosse parar neles. Mas eu sou a eles. E eu resisto. Eles são a mim e eu entendo. Ainda não sou bom o bastante. Mas hei de ser. E inteiro, sem enxovalhar.
29/10/12





Eu,
Tu,
Eternos acasos,
Colidindo anônimos, aleatórios, até nosso inevitável ocaso.

Leva-o, devora-o, rápido o momento!
É tudo que temos.
 
O que te trouxeste aqui? O que levarás daqui?
A primeira influencia à segunda, assim como o passado ao futuro - por meio deste - o presente.

Mas tudo, tudo o que temos é o agora.

Por isso, como recordação, tome um pouco dessa purpurina fosca.
E não te frustres.
Nem os que mais se empenharam passaram de fogos de artifício tentando ser cometas.

27/04/10